Enfim é noite. Agora me sinto em casa.
Nessa negritude magnífica, tenho apenas a lua como testemunha.
Estou sedento, preciso beber uma vida pra tornar a minha imortal;
Não tenho remorsos, não sou dado a essas bobagens humanas;
minha conciência a muito adormeceu e eu só tenho a mim e a essa sede que volta todas as noites ao me despertar do torpor que me acomete durante o dia.
Vou á caça. Hoje quero apreciar o buquê, quero beber da melhor safra; então saio pra noite.
Derrepente ouço um choro de mulher; olho pra cidade ao longe tentando localizar quem produz esse som;
Eis que a encontro; uma dama linda e jovem na beirada de uma sacada querendo tirar sua própria vida.Por algum motivo que desconheço, não lhe interessa mais a vida.
Vejo-me então como o anjo da morte que irá salvá-la do sofrimento.
Sinto o doce cheiro de seu sangue, meus instintos afloram com toda a intensidade de um predador faminto.Quero degustá-la, me alimentar dela;
Me aproximo dela suavemente, ela então me vê e se apavora;
eu não entendo seu medo de morrer, afinal, não era esse seu desejo?
Ela se debate, e eu não compreendo como ela poderia preferir cair e se despedaçar no asfalto a morrer nos meus braços.
Mas a mim não importa suas preferências, sou eu quem levará sua vida essa noite, e a pouparei do desatino do suicídio.
Ela se agita, luta, seu sangue fica ainda mais quente, mais tentador. Sedento como estou, cravo meus dentes em seu pescoço e lhe dou de presente a morte.
No final, ela teve o que almejava, e eu tive o prazer de compartilhar com ela esse momento sublime em que bebendo de seu sangue, continuo imortal.
Miriam Asevedo
Boa Noite minha linda.
ResponderExcluirEstou aqui acompanhando suas magníficas postagens. Bjos... Saudades!